Mulher que ficou com restos de placenta e perdeu útero realiza 1ª perícia 22 anos depois: 'Tiraram de mim a possibilidade de gerar'

  • 15/03/2025
(Foto: Reprodução)
Gislene Souza Ferreira realizou um parto em novembro de 2002 e teve infecção generalizada por ter ficado com partes da placenta no corpo. A autônoma processou o estado, médicos e hospital por negligência. Mulher espera 22 anos por justiça após perde útero e trompas por complicações no parto Vinte e dois anos depois do parto do primeiro e único filho, só agora Gislene Souza Ferreira vai passar pela primeira perícia médica para comprovar a suposta negligência médica que teria feito ela perder o útero. A mulher, que na época tinha 22 anos, ficou com restos de placenta no corpo. Ela teve uma infecção generalizada e precisou retirar o órgão. O parto foi feito na Pró-Matre em Vitória, em 2002. A autônoma disse que foi forçada pela equipe médica a fazer um parto normal. Ela chegou a ficar internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e precisou retirar as trompas devido a complicações na cirurgia após médicos esquecerem restos da placenta dentro do útero. Gislene entrou com uma ação judicial contra o hospital, a equipe médica e o estado do Espírito Santo por danos morais, físicos e estéticos, que podem chegar até R$ 800 mil. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp "Trabalhamos com os fatos de que o médico agiu de forma negligente, imprudente e imperita em todo o mecanismo de atuação perante a cliente. O hospital deveria observar as condutas dos colaboradores, além de fiscalizar as suas atitudes. O que aconteceu é muito grave, chega a ser desumano", destacou o advogado responsável pelo caso, Alexsandro Rudio Broetto. Ele também justificou o fato de ter colocado o estado no processo. Segundo Broetto, ele deveria garantir zelo, observado melhor o profissional que estava despreparado e fiscalizado melhor o serviço público de saúde. "O hospital e o médico não estavam preparados para realizar qualquer tipo de procedimento. Tanto é que dias após o ocorrido o hospital foi fechado", complementou. Gislene Souza Ferreira, de 44 anos, realizou cirurgia para retirada do útero e trompas e acusa hospital em Vitória, estado do Espírito Santo e médico de negligência Reprodução/TV Gazeta Desde então, 22 anos se passaram. Agora com 44 anos de idade, Gislene vai passar pela primeira perícia para comprovar os problemas ocasionados após o parto. A autônoma foi ouvida pela primeira vez em uma perícia, que foi realizada na tarde desta terça-feira (11), em um hospital de Vitória. "É uma justiça muito demorada, que me causou sofrimento e me causa dor de relembrar até hoje. Eu aguardei 22 anos. Tanto tempo apenas por uma tão esperada perícia. Tiraram de mim a possibilidade de gerar. Foram muitos anos de noites em claro, sem me aceitar, sem conseguir olhar no espelho por causa da deformação que ficou no meu corpo", relatou. O advogado pontuou que a demora se deve a uma dificuldade em algum médico perito aceitar o caso. Ele credita essa espera também ao processo de digitalização das ações judiciais no estado. "A perícia técnica tem a qualidade de esclarecer alguns fatos. O perito pode se julgar impedido por causas pessoais e questões técnicas que eles não dominam. Vários não aceitaram e, por isso, deu todo esse lapso temporal", destacou o advogado. Após a perícia, o prazo é de mais 30 dias para apresentar o laudo ao juiz. Depois, uma audiência de instrução de julgamento será marcada para ouvir as testemunhas para dar as alegações. A expectativa da defesa é que a sentença final só saia em 2026. Gislene Souza Ferreira teve o filho com 22 anos e por causa de complicações no parto precisou retirar o útero e as trompas e hoje processa o médico, o hospital e o Estado do Espírito Santo Acervo pessoal O g1 procurou a Pró-Matre, que informou que, na época, enfrentava sérias dificuldades financeiras e já havia interrompido diversas vezes seus atendimentos ao público. Disse ainda que o caso tramita em segredo de justiça (confira as notas na íntegra no final da reportagem). A Secretaria Estadual de Saúde disse que já apresentou defesa nos autos do processo relacionado ao caso de Gislene Souza Ferreira. Mas, no momento, a ação encontra-se na fase de produção de provas. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) afirmou que a parte autora não compareceu a diversas avaliações periciais e que após a primeira perícia viabilizará a continuidade do processo. O parto Gislene Souza Ferreira precisou passar por duas cirurgias após parto do primeiro filho por ficar com restos de placenta no corpo. A mulher processa o estado do Espírito Santo, o médico e o hospital Acervo pessoal De acordo com o relato da mãe, o médico que a acompanhou durante o pré-natal indicou que, por causa do tamanho do bebê, que nasceu com 4,4 quilos e 54 centímetros, seria necessária uma cesárea. "Eu passei por uma gestação tranquila, acompanhamento perfeito do pré-natal, tudo ok comigo e com o meu filho. Até o dia em que veio os primeiros sinais de que eu teria meu filho. Chegando lá, eu não tinha dilatação suficiente e, ainda assim, me induziram ao parto normal", disse. Além disso, a autônoma detalhou que a sala de parto não estava preparada para iniciar a cirurgia. "Foi tudo errado desde o início. A sala de parto não tinha sido higienizada, foram momentos de muita apreensão e terror. Tinham restos de partos e eu o tempo todo pedia pela cesárea. O médico foi negligente. Meu filho nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço, quase perdi o meu filho também naquele momento. Ele nasceu com vários hematomas na cabeça e com os olhos vermelhos de sangue", relembrou. Dois dias após o parto, a mulher teve alta, mas começou a apresentar sintomas de que estava com uma infecção. "Mesmo depois do parto, quando eu estava com um quadro de febre muito alto, eles me liberaram e tive que voltar porque estava com muita dor abdominal, febre e diarreia. Quando eu voltei, a situação já estava muito complicada, eu estava apodrecendo por dentro", disse. Gislene Souza Ferreira que precisou retirar o útero após parto realizado em Vitória, Espírito Santo, e o filho que hoje tem 22 anos Acervo pessoal No dia seguinte, Gislene contou que foi até a maternidade de Carapina, na Serra, Grande Vitória, e na primeira análise foi constatado de que ela estava com restos de parto. LEIA TAMBÉM: Fisiculturista e coach: quem é o homem que esfaqueou e matou mulher dentro de loja no ES Homem é assassinado a tiros por dois adolescentes por causa de dívida de R$ 500 no ES Passageiro chega atrasado, força entrada em avião e é preso no Aeroporto de Vitória A mulher precisou ser transferida para o Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Vitória, e foi internada na UTI com infecção puerperal generalizada e passou por cirurgia. "Eu fiquei na UTI sem saber o que estava acontecendo. Fui saber da gravidade do meu caso depois que eu me recuperei. Foram duas cirurgias muito grandes. Eu nunca me esqueço de toda a negligência que passei. Pra sempre vou carregar na minha memória. E ainda processando tudo aquilo eu tive que ouvir por anos meu filho pedindo um irmão. Só consegui contar para ele a história toda quando ele completou dez anos", desabafou. O que dizem os envolvidos A Pró-Matre esclareceu que, em 2016, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, instituição secular com mais de 400 anos de história, incorporou a antiga Associação Beneficente Pró- Matre, instituição que, à época, enfrentava sérias dificuldades financeiras e já havia interrompido diversas vezes seus atendimentos ao público. A incorporação teve como principal objetivo a reestruturação da maternidade, com a missão de assegurar um atendimento digno, humanizado e de excelência às gestantes capixabas, além de garantir a continuidade de um serviço tão essencial para a saúde da população. Desde então, a gestão da ISCMV tem sido conduzida de forma profissional, capacitada e comprometida. Sob a administração da Irmandade, a maternidade tem se destacado como referência em qualidade e excelência, sendo reconhecida com diversos prêmios como modelo de maternidade no Espírito Santo. É importante frisar que as adversidades mencionadas ocorreram antes da incorporação e não refletem a realidade da atual gestão. A Irmandade tem trabalhado com dedicação para oferecer o melhor serviço possível à população capixaba, sempre com foco na melhoria contínua e na humanização do atendimento. Em relação ao processo judicial envolvendo a antiga Associação Beneficente Pró-Matre, informou que o mesmo tramita em segredo de justiça, sendo vedada a divulgação de informações sobre o caso. Já a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que já apresentou defesa nos autos do processo relacionado ao caso de Gislene Souza Ferreira. O órgão ressaltou que qualquer outro posicionamento sobre o caso será feito exclusivamente no âmbito processual, ou seja, dentro da própria ação judicial. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) esclareceu que, no processo em referência, iniciado em 2003, foram empreendidas diversas diligências para a regular instrução processual, notadamente quanto à realização da imprescindível prova pericial. Desde 2007, o Juízo buscou ativamente a nomeação de perito judicial qualificado para o caso, tendo enfrentado sucessivas recusas de profissionais. Somente em 2021, após reiteradas tentativas, um expert aceitou a designação para conduzir os trabalhos periciais necessários ao julgamento da demanda. Contudo, apesar dos esforços do Poder Judiciário para impulsionar o feito, registra-se que a parte autora não compareceu às avaliações periciais previamente agendadas nos anos de 2022, 2023 e 2024, o que impossibilitou a conclusão desta etapa processual. Informamos que há nova perícia designada para a tarde desta terça-feira, 11 de março de 2025, oportunidade em que o comparecimento da parte autora viabilizará a continuidade do processo e sua eventual conclusão. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo reafirmou seu compromisso com a efetiva prestação jurisdicional e com a razoável duração do processo. Maternidade Pró-Matre em Vitória, Espírito Santo Reprodução/TV Gazeta VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2025/03/15/mulher-que-ficou-com-restos-de-placenta-e-perdeu-utero-realiza-1a-pericia-22-anos-depois-tiraram-de-mim-a-possibilidade-de-gerar.ghtml


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